23
Ago 11

Ou muito me engano, ou vamos acabar por assistir neste nosso Planeta a mais uma situação similar à da Jugoslávia quando do desaparecimento do Marechal Josip Broz Tito.

Não vou aqui opinar sobre o homem ou o regime e sistema que implantou no território, tal como não o farei relativamente ao novo desafio que se coloca ao mundo.

A desunião entre os jugoslavos foi ultrapassada pela luta contra o inimigo comum, a Alemanha Nazi, e, formando-se assim a Federação da Jugoslávia formada por seis repúblicas sob o pulso forte de Tito que já assumira um importante e significativo papel na luta de resistência à invasão e ocupação.

Embora, não tenha participado na aliança militar do bloco comunista de Estaline e tendo promovido a Conferência Internacional dos Países Não-Alinhados, governou em ditadura de partido único, a Liga dos Comunistas, com toda a firmeza e utilizando todos os instrumentos necessários para afirmar naquele território o regime que seguia e principalmente para manter uma Jugoslávia unida, com os seus diversos povos vivendo em conjunto e harmonia, respeitando-se mutuamente, chegando a acontecer uma miscigenação intercultural e racial.

Obviamente que tinha uma oposição que sempre manteve controlada e beneficiando também da desunião da mesma onde se fazia sentir o antigo rastilho da segregação e valores separatistas.

Poucos anos após a sua morte e com o início da queda dos sistemas comunistas a Leste na Europa, talvez até ‘incendiados’ por interesses da brutal Indústria da Guerra, os diversos povos, etnias, culturas e religiões nas Balcãs, que até ali viviam em paz, explodiram numa guerra cruel, onde gente sem escrúpulos utilizou as mais terríveis formas de guerra conhecidas e mais as que ali se criaram, terminando como todos sabemos num retalho de novos países difícil relacionamento de vizinhança.

Não creio que o Marechal Tito e o seu aparelho, só por si, conseguisse manter a jugoslávia tal como a conhecíamos, unida, apesar das rivalidades e picardias que se podem encontrar em qualquer país e com a excepção de uma fraca oposição que pouco ou nada progredia.

Sem a vontade do povo essa Jugoslávia não poderia funcionar, por tal motivo, estou certo que a ameaça e o reacender do ódio, tal como assistimos, veio de fora, aproveitando políticos e militares ou paramilitares desejosos de protagonismo e poder fosse a que custo fosse.

Ao longo destes anos tem sido notória a hesitação e proteção dada a criminosos dessa guerra, que todos sabiam onde estavam mas ninguém os capturava, acabando ao fim de muito tempo por se prender um par deles, sem que fosse dada relevância aos julgamentos e ao que se passa juridicamente em relação a eles, para que servissem de lições exemplares.

A situação que temos agora pela frente não deixa de ser extremamente similar pelo complexo emaranhado de relações que resultam no país que conhecemos como Líbia, constituído por ínumeras tribos pertencentes a diferentes povos cujas origens remontam a um passado longínquo tão rico como as maiores Civilizações Milenares.

deserto-libia

Só um homem como o auto intitulado Coronel Muammar al-Khadafi, que assumiu o poder à frente de um golpe de estado que derrubou a monarquia, regime que mantinha a união, poderia mesmo tomar o lugar de um Rei.

Também com um regime e sistema muito próprio que se dizia socialista, tem mantido uma Líbia a ferro e fogo, mas unida.

Quanto a oposição tem beneficiado de uma situação parecida ao que se passava na Federação Jugoslava, grupos dispersos, alguns políticos exilados ou auto-exilados, cada um a falar para seu lado, sem qualquer objetivo comum.

A história de Khadafi ou Gaddafi, como tem aparecido escrito nalguma comunicação social e outros meios, é por demais conhecida, os seus avanços, os seus recuos, tanto no mundo ocidental, como em relação aos seus pares do mundo árabe, o seu sonho de uma região árabe ocupando uma faixa do Norte de África e Sul da Europa até para lá do Médio Oriente, tal como outrora foi o Islão, com ele, como Messias, a liderar esta grande Nação Árabe.

Pelo caminho que as migrações humanas estão a tomar, esse sonho já esteve mais longe…

Enfim, o apoio ao terrorismo e a sua prática, a falta de uma linha objetiva e coerente com a verdade dos acontecimentos, sendo que a responsabilidade dos países ocidentais não possa ser posta de parte.

Mas a questão é que os chamados rebeldes agora têm estado unidos e a combater numa frente comum, mas e a seguir?

O que vai acontecer quando o regime cair em definitivo?

Terão os políticos no exílio e que se intitulam personagens de relevo nesta revolta capacidade de a uma só voz, manter esta união na Líbia?

Onde está o antigo Ministro da Justiça de Khadafi, amigo e único a quem o Coronel admitia críticas privadas e públicas que inicialmente apareceu no terreno ao lado dos rebeldes?

Que papel tem a administração dos EUA em todo este caso?

Que tem para dizer a União Europeia e os países que negociavam com Khadafi, Europa essa a que ele deu primazia o que nunca agradou aos EUA, ainda por cima vendendo o petróleo em euros?

A NATO também interveio nas Balcãs e então?

Que influência têm os rios subterrâneos de água pura e as ‘rachas’ que se têm vindo a abrir no deserto fazendo subir esses leitos e as obras artificiais que estão a ser levadas a cabo nesse sentido?

No território líbio são imensos estes casos.

A escassez de água, não a quantidade mas a de qualidade, cada vez é mais preocupante e não será só no petróleo que o mundo ocidental está a pensar.

O comportamento dos políticos e regimes ocidentais são responsáveis pelo que vier a acontecer na Líbia a partir do momento que a libertação do regime de Khadafi se concretizar, o povo líbio não pode ser abandonado numa guerra fratícida, tal como na ex-Jugoslávia, enquanto nós ficamos a assistir ao grande negócio dos interesses da Indústria da Guerra, dos que agora querem dividir para depois reinar.

Mas a intervenção deve ser da ONU e em missão de PAZ, rápida e eficaz, que a burocracia não sirva de desculpa para que se perca nem um minuto.

Que não se aproveite tudo isto para criar mais uma colónia, sim colónia, não há que ter medo de chamar os bois pelos nomes, de alguém que mais uma vez parece estar a jogar ao Monopólio, mas com muitos mortos e muita desgraça, porque o que aparece nas notícias da TV é realidade, não é ficção, na Líbia há crianças, mulheres, idosos, como em todo o lado, não, não é um jogo de vídeo ou do Facebook.

Que se dê o exemplo desta vez e se colabore verdadeiramente na reconstrução de um novo país, sem impor os nossos usos e costumes lá, eles têm os deles, o que podemos é levar-lhes mais conhecimentos do que criámos e aprendemos de novo, assim como, aprender com aqueles povos o que de muito nos têm para dar.

 

Ah! E já agora… valia a pena lembrar a SÍRIA… esses, o povo, não está armado e tem sido dizimado com armas… é carne para canhão... aí porque não vai a NATO?

publicado por FV às 16:53
música: Give Peace A Chance.John Lennon
sinto-me: preocupado!
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