13
Jan 11

Não há hipótese! Todos os dias cometo um delito, nem que seja um pequeno, um pequenito.

Tanta gente a dar tanto de si, a todas as horas, todos os dias, a perder horas em transportes públicos, a fazerem grandes caminhadas a pé carregando pesos…

Venho no transporte que apanhei e estou a escutar estórias, sinto-me incomodado.

Quem sou eu? O que fiz? Estou mal? Bem não estou, mas… Não!

Há muita gente que está pior… e esforça-se a todas as horas, todos os dias, nem tem tempo pra dormir… umas duas ou três horitas por noite!

Mas com aquelas idades?

Como pode ser?

 

- É pra ter um teto, é pra ter o que comer, é pra ter prós remédios, destes, oh, destes que tenho que tomar sempre!

- Agora inté deixaram de ser comparticipados… custam € 17,50, na farmácia onde vou, nas outras não sei, agora cada uma faz o preço que quer. Já não vem marcado… quer-se dezer, vem marcado, mas ‘tá riscado, mas prontus, isto dá-me pra um mês, são dois por dia, a caixa tem sessenta.

- Fora os outros e os do mê marido…

- ‘Tou a trabalhar ali na escola logo de manhãzinha, depois vou a casa dar o pequeno almoço e venho ali pra casa duma senhora, a mêo da tarde vou pra outra e lá prás 11 vou tratar da minha casinha e quem lá mora tamém tem dirêtos!

 

Por isso, quando me sento cinco minutos a beber um café, é um pequenito delito, eu sei, não tenho que me sentir culpado, nem traumatizado, mas estou triste, não deveria ser assim!

E os que não têm nem um desses trabalhos, como dizia a senhora?

Como fazem?

Vão ver a exposição de presépios do Palácio de Belém?

Vão à Igreja? Mas as igrejas também já não têm capacidade para ajudar todos!

Ao Estado? Isso? Já disseram que agora só está lá para receber!

Agora estão todos a mobilizarem-se para se ajudar uns aos outros, bonito… há portugueses que quando chamados, mesmo que não tenham, dão!

Já aconteceu mais vezes, para dentro e para fora!

Por isso sinto-me orgulhoso de ser português!

Mas podemos calar o que nos vai na alma?

Deixar que tudo fique na mesma?

Ficarmo-nos sem mais, não estrebuchamos?

A vida tem que continuar e isto é insuportável, assim sendo, quem o sente tem que tomar uma atitude.

Se cada um fizer algo e transmitir a outros o mesmo sentimento e emoção, será que não faremos a diferença?

Muitos portugueses, demasiados, continuam a consumir, a viver como nada se passasse, somos uns campeões de consumo, é por isso que a nossa dívida foi vendida desta forma, mal, e, vem aí o FMI e mais não sabemos o quê…

Os números que transmitimos pró exterior são de um país gastador, com cidadãos com bons rendimentos, ainda em Novembro comprámos automóveis, classe média e média-alta, como se tudo estivesse bem, os hipermercados, centros comerciais, templos sagrados do consumismo, estão cheios e vendem… alguém há-de comprar ou são os espanhóis que não têm crise nenhuma e têm vindo aí em massa?

Temos que travar esta sangria, alertar estes portugueses que, pelos vistos (será?), felizmente estão bem na vida para aguentarem um pouco, refrearem os ímpetos, só por algum tempo, ou, estarão a afundar-se também em empréstimos fáceis que mais tarde lhes vão trazer problemas?

Eles não vêm que só vão engrossar o número dos novos pobres que todos os dias cada vez é mais e mais…

Mas não podemos deixar de viver, ser felizes, agarrar as oportunidades.

Não podemos perder a nossa auto-estima, temos que nos juntar àquela gente boa de que falava há pouco e que andam no terreno, que fazem qualquer coisa, mesmo não estando no terreno, basta um simples gesto, como passar a mensagem, não ir, nem se deixar ir abaixo!

As crises abrem novas janelas e portas, criam novas maneiras de estar sociais, mas para que sejam melhores é necessário puxar por elas, participar, não desanimar, a união faz a força, vamos ajudar-nos todos uns aos outros e transformar esta crise numa ótima oportunidade de vida!

 

 

 

publicado por FV às 16:33
música: revolution.the beatles
sinto-me: com vontade de lutar!
tags:

Muito nice Fernando. Gostei mêmo!
Fernando Bandeira
Anónimo a 13 de Janeiro de 2011 às 17:30

Tks Fernando! Vamos prá frente. Abração!
FV a 13 de Janeiro de 2011 às 19:52

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